Semana Santa, Domingo

Sergio de Souza
2 min readApr 4, 2021

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SEMANA SANTA, DOMINGO

Existem alguns teólogos (e algumas correntes teológicas), já devidamente notificados pela Igreja, que afirmam que mesmo que encontrássemos o corpo de Jesus no túmulo, seria possível acreditar na ressurreição; que o túmulo vazio é uma narração intervencionista, e que a ressurreição da carne tomada de maneira literal seria uma interpretação teológica.

Mas nós, batizados, queremos uma ressurreição da carne literal. Queremos a ressurreição da carne de Jesus. Queremos a ressurreição de cada gota de sangue, lágrima e suor, cada centímetro de pele ou carne dilacerada, todos os ossos não quebrados na crucificação.

Queremos ver cumprida a promessa de que a carne do Salvador não conhecesse a corrupção. Queremos que aquele do qual retiramos até o aspecto humano seja para sempre o mais belo dos filhos dos homens.

Sabemos que disso depende a redenção de cada ínfimo átimo de dor e da mais profunda depressão pelos quais tenhamos passado nesta vida ( que Jesus também assumiu em seu corpo).

Sabemos que a carne ressuscitada de Jesus redime o homem total: seu cerne mais íntimo, seu corpo e seu espírito, assim como todas as dimensões atingidas pelo pecado da humanidade — tudo que foi criado e organizado para o homem. O cosmo ferido se erguerá novamente na ressurreição da carne.

Queremos que a ressurreição adentre nossas casas e redima cada centímetro de dor e tristeza, cure nossos corpos cansados destinados à eternidade, e que estes olhos e mãos voltem a ver e tocar os corpos dos nossos parentes e amigos já falecidos.

E que o corpo ressuscitado de nosso Senhor — não só o espírito, mas a carne macerada que leva nossa história e humanidade — adentre os santuários eternos e o encontro de suas chagas gloriosas com o Amor do Pai redima a terrível solidão metafísica do ser humano, tão bem representada no grito quase desesperado do alto da cruz: por que me abandonastes?

Queremos não a memória da humanidade, mas a humanidade realmente inscrita em sua carne, ossos e tendões, como Ele mesmo mostrou em uma das aparições aos discípulos: sou Eu mesmo, não um fantasma, olhem para as minhas mãos e meus pés …

Queremos a ressurreição do Filho de Deus como ela é, e não um simulacro. A Ressurreição de verdade: um fato histórico com consequências meta-históricas, a Ressurreição física com reverberações metafísicas.

O Cristo Ressuscitado é o Cordeiro do Apocalipse: imolado, mas de pé. O Ressuscitado que passou pela cruz e carrega em seu Corpo nossa humanidade redimida.

Um Feliz e Santa Páscoa a todos !

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Sergio de Souza
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Written by Sergio de Souza

Trabalho com produção de conteúdo textual. Brinco de traduzir The Red Hand Files.

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