Do esquecimento
A tarde se desmancha enquanto sopra
a brisa fria que descolore os pessegueiros.
As mãos macias de tua avó pousadas sobre as tuas.
Na minha memória te esvaneces como as nuvens,
e os ponteiros do relógio que registram, inexoráveis,
até o crescimento anônimo das gramíneas
entre os paralelepípedos,
querem me fazer crer que nunca estiveste aqui.
O clarinetista no YouTube, um nostálgico paisagista do futuro,
Também esconde de mim o teu nome,
nestas sequências de acorde que são tua casa.
Não há lágrimas na tarde, nem chuva
que as simule. Nem sol. Há uma névoa estranha que desce do céu pelos morros
e se espalha nas ruas e se estabelece nas casas.
Na minha sala, enquanto eu tomo um café
e envelheço.