Dez guitarristas
Uma lista com meus dez guitarristas prediletos
Jimi Hendrix — Sobre-humano. Além do entendimento perfeito de seus dedos com a cordas, aplicou toda sua criatividade e inteligência à tecnologia, revolucionando o uso de amplificadores, efeitos e do estúdio (ao vivo era tão brutal que talvez fosse ainda melhor). É um dos inventores do modo de tocar guitarra no rock. Se você não escreve sem saber o alfabeto, também não toca guitarra sem ter assimilado Hendrix.
David Gilmour — Um mestre da arte dos solos melódicos. Os devastadores solos de “Confortably Numb” e “Time” (com aqueles ecos hipnotizantes) , por exemplo, estão aí para testemunhar. O que outros grandes guitarristas de rock progressivo, como Steve Hackett ou Steve Howe, por exemplo, não conseguiram (ou não quiseram) realizar.
Johnny Marr — Um artesão pop que se esmerilha no projeto de construir canções perfeitas. Riffs, arpejos, dedilhados, arranjos delicados e cheios de detalhes, tudo a serviço das canções. Marr é um construtor, que soube aproveitar as influências e referências, transformando-as em pequenas peças pop cheias de refinada beleza.
The Edge — Como Marr, é um gigante dos estúdios a serviço das grandes canções. Diferente de Marr, que usa efeitos de forma moderada, aproveitando a naturalidade dos sons da guitarra, The Edge foi além justamente na arte de manipular efeitos e criar novos timbres. Nunca havíamos escutado antes na história do rock guitarras tocadas com aquele efeito cheio de eco que entram logo após o órgão na introdução de “Where de the streets have no name”. E é impressionante também a delicadeza dos detalhes e climas no arranjo de “With or without you”, o“descontrole” em “Bullet the blue sky” ou os riffs minimalistas, como o de “I will follow”. Os exemplos nunca acabam. Um mago.
Jimmy Page — Page, como Johnny Marr e The Edge, é outro que soube depurar as influências (é um dos grandes “plagiadores autorais” do rock ) e usar de maneira brilhante o estúdio como instrumento. Não por acaso, foi músico de estúdio durante os anos 60, tendo gravado com gigantes como Rolling Stones, The Who e Them. Quando gravou o Led Zeppelin I, já era um “veterano”dos estúdios. Aliás, era um produtor brilhante, tendo criado o som do Led, especialmente o famoso timbre da bateria de John Bonhan. E, já neste primeiro álbum,mostra suas credenciais: riffs poderosos, ataques furiosos, solos enlouquecidos, a habilidade com os recursos do estúdio e a mescla acústico/hard que renderia preciosos frutos na história do rock’n’nroll. A discografia do Led Zeppelin é o testemunho central da genialidade e do trabalho incansável de Page.
Vini Reilly — O anoréxico e desconhecido líder da banda de um homem só: o Durutti Column. Violonista de formação clássica, fez parte da cena punk/pós-punk de Manchester que deu ao mundo Buzzcocks, Magazine, Joy Division, The Fall. Smiths, New Order… Admirado por John Frusciante, por nosso Edgard Scandurra e pelo grande Robert Fripp, Vini Reilly é dono de um toque peculiar que mescla pós-punk, música erudita, jazz e ambient music tem uma discografia finíssima e eclética. Escute os quatro primeiros álbuns, mas preste atenção sobretudo ao clássico “LC”, álbum em que Vini Reilly destila o seu estilo de maneira mais pessoal. Mesmo os discos mais tardios dão conta da musicalidade exuberante de Reilly.
Bert Jansch — Violonista que é das principais influências de Jimmy Page e Johnny Marr. Exímio no folk e no blues, Jansch gravou um primeiro disco que é uma preciosidade, todo conduzido no (peculiar) violão e por sua frágil voz. Jansch integrou o grupo Pentangle e sua influência pode-se notar de maneira mais clara no que Jimmy Page realizou no “Led Zeppelin III”. É da extirpe de Nick Drake (Jansch é menos sofisticado, mas mais habilidoso com o instrumento) e Jackson C. Frank. Neil Young também é fã de carteirinha. Nos anos 90–2000 foi descoberto pela geração “indie”. Sua discografia é extensa e maravilhosa.
Neil Young — Nenhuma técnica, apenas feeling, improviso, fúria e momentos acústicos de extrema delicadeza. Young pode encher seus álbuns de distorções, microfonias, riffs alucinados, solos quilométricos e muito barulho, pode brilhar sozinho (ou quase) em números (e álbuns) acústicos e pode reunir-se com bandas brilhantes para discos e shows inesquecíveis. Ao vivo, é quase sempre instintivo e explosivo. Um dos músicos mais influentes de nosso tempo.
Keith Richards — Formou duplas clássicas de guitarristas com todos os parceiros de Stones. Criou riffs modelares. Compôs algumas das mais belas canções dos século passado (um rocker que sabia soar delicadamente folk, pop e country). Traduziu a música dos bluesmen para a juventude. Sobreviveu aos 60, 70, 80 e continua entre nós. Escute os riffs de “Honk Tonk Women”, “Jumpin’Jack Flash” e “Start me up” e se pergunte: pra quê solo?
Robert Johnson — Porque é Robert Johnson. Ouça o disco: parecem dois, mas só tem um cara no violão, tocando e cantando. E ele é Robert Johnson.
“Você acha que está conseguindo tocar blues e então ouve Robert Johnson - alguns dos ritmos que ele está criando, tocando e cantando ao mesmo tempo; então você pensa: "Esse cara deve ter três cérebros!" ”
~ Keith Richards